sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Marechal Rondon


De origem indígena por parte de seus bisavós maternos (Bororoo e Terenaa) e bisavó paterna (Guaná), Rondon tornou-se órfão precocemente, tendo sido criado pelo tio e, depois de sua morte, transferiu-se para o Rio de Janeiro para ingressar na Escola Militar: além dos estudos serem gratuitos, os alunos da escola recebiam - desde que assentassem praça - soldo de sargento. Alistou-se no 2º Regimento de Artilharia a Cavalo em 1881. Dentre outros estudos,cursou Matemática e Ciências Físicas e Naturais da Escola Superior de Guerra.
Ainda estudante, teve participação nos movimentos abolicionista e republicano. Foi nomeado chefe do Distrito Telegráfico de Mato Grosso. Foi então designado para a Comissão de Construção da linha telegráfica que ligaria Mato Grosso e Goiás. O governo republicano tinha preocupação com a região oeste do Brasil, muito isolada dos grandes centros e em regiões de fronteira. Assim decidiu melhorar as comunicações construindo linhas telegráficas para o o Centro-Oeste.
Rondon cumpriu essa missão abrindo caminhos, desbravando terras, lançando linhas telegráficas, fazendo mapeamentos do terreno e principalmente estabelecendo relações cordiais com os índios. Manteve contato com muitas tribos indígenas, entre elas os Bororo, Nhambiquara, Urupá, Jaru, Karipuna, Ariqueme, Boca Negra, Pacaás Novo, Macuporé, Guaraya, Macurape.
Entre 1892 e 1898 ajudou a construir as linhas telegráficas de Mato Grosso a Goiás, entre Cuiabá e o Araguaia, e uma estrada ligando Cuiabá a Goiás.
Entre 1900 e 1906 dirigiu a construção de mais uma linha telegráfica, entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras de Paraguai e Bolívia.
Em 1906 encontrou as ruínas do Real Forte Príncipe da Beira, a maior relíquia histórica de Rondônia.
Em 1907, no posto de major do Corpo de Engenheiros Militares, foi nomeado chefe da comissão que deveria construir a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antonio do Madeira, a primeira a alcançar a região amazônica, e que foi denominada Comissão Rondon. Seus trabalhos desenvolveram-se de 1907 a 1915. Nesta mesma época estava sendo construída a ferrovia Madeira-Mamoré, que junto com o desbravamento e integração telegráfica de Rondon ajudaram a ocupar a região do atual estado de Rondônia.
Realizou expedições com a comissão Rondon, com o objetivo de explorar a região Amazônica. Em 1910 organizou e passou a dirigir o Serviço de Proteção aos Índios e de maio de 1913 a maio de 1914 realizou mais uma expedição, em conjunto com ex-presidente dos Estados Unidos da América, Theodore Roosevelt.
Em setembro de 1913, Rondon foi atingido por uma flecha envenenada dos índios Nhambiquaras.
Sendo salvo pela bandoleira de couro de sua espingarda, ordenou a seus comandados, porém, que não reagissem e batessem em retirada, demonstrando seu princípio de penetrar no sertão somente com a paz.
Em 1914, com a Comissão Rondon, construiu 372 km de linhas e mais cinco estações telegráficas: Pimenta Bueno, Presidente Hermes, Presidente Pena (depois Vila de Rondônia e atual Ji-Paraná), Jaru e Ariquemes, na área do atual estado de Rondônia. Em 1º de janeiro de 1915 concluiu sua missão com a inauguração da estação telegráfica de Santo Antônio do Madeira.
De 1919 a 1924 foi diretor de Engenharia do Exército. Com a revolução de 1930, que destituiu Washington Luís e levou Getúlio Vargas ao poder, foi preso.
Em Maio de 1956, Juarez Távora escreve: "Esclareço que o fato de haver oposto restrição quanto à oportunidade do empreendimento (linhas telegráficas) do Marechal Rondon, não significava desapreço pelo conjunto de sua obra sertanista - e aí incluo o nobre esforço de catequese leiga de nossos índios — Rondon foi sem dúvida um pioneiro."
Rondon cumpriu essa missão abrindo caminhos, desbravando terras, lançando linhas telegráficas, fazendo mapeamentos do terreno e principalmente estabelecendo relações cordiais com os índios. Manteve contato com diversos povos indígenas, porém, sem nunca levar a morte ou o horror dos brancos a eles.
Desbravador do interior do país, foi inspiração para criar o SPI (Serviço de Proteção ao Índio). Teve seu primeiro encontro com os índios (alguns hostis, outros escravos de fazendeiros) quando construía as linhas telegráficas que ligaram Goiás a Mato Grosso.

A saga de Sophia Müller na Amazônia

Por volta de 1949 a missionária Sophia Müller acabou atravessando, sem saber, a fronteira entre Colômbia e Brasil em uma pequena e insegura embarcação. O que parecia ser um erro de direção pelas águas perigosas dos rios Negro e Içana se tornou o caminho para um dos trabalhos missionários mais consistentes realizados na Amazônia Brasileira. Ali na região norte do Amazonas, conhecida como Cabeça de Cachorro, viviam as tribos Baniwa e Kuripako. Na época, não havia nenhuma presença da fé protestante no local e o índio era explorado pelo homem branco. Hoje, quase sessenta anos depois, há mais de cinqüenta igrejas entre os indígenas da região, o Novo Testamento foi traduzido para a língua local e os índices sociais estão acima da média brasileira. Esses fatos foram reconhecidos inclusive no meio secular. O fotojornalista Pedro Martinelli, em seu livro Amazônia: O Povo das Águas, diz que os indígenas do Alto Rio Negro e do rio Içana “têm título de eleitor e altíssimo índice de alfabetização em algumas aldeias chega a 95%”. Chama a sua atenção o fato de as comunidades indígenas evangélicas serem muito organizadas e não sofrerem com o alcoolismo. O médico Drauzio Varela, em artigo à revista National Geographic (maio/2006), descreve como são as moradias dos curipacos e baniuas: “Numa região de moradias precárias, cada família se dá ao luxo de morar em três casas: a da frente serve de dormitório e sala de visitas, na do meio fica a cozinha e na de trás, a casa de farinha. São lindas; gostaria de ter uma igual no campo”.Segundo o missionário Marcelo Pedro, da Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), que trabalha onde Sophia trabalhou, ela dividia o seu tempo assim: de manhã, alfabetizava o povo; e à tarde ensinava a Palavra de Deus. À noite, descansava e tirava as dúvidas dos indígenas. Sophia Müller faleceu em 1997, na Venezuela, deixando milhares de indígenas convertidos nas etnias em que pregou o evangelho. A presença evangélica é forte nesses lugares. Prova disso são as conferências que os pastores indígenas realizam de dois em dois meses, que duram cerca de uma semana e reúnem centenas de comunidades. Lá, eles cantam, dançam, estudam a Bíblia e contam testemunhos do cuidado de Deus. Saiba mais: Livro Sua Voz Ecoa nas Selvas; autobiografia de Sophia Muller sobre seu trabalho entre os indígenas. Editora Transcultural. Pedidos: transcultural@turboseg.om.br ou (062) 3098-3272.